quinta-feira, 17 de julho de 2008

OPERAÇÃO PAPEL HIGIÊNICO

Por uma daquelas circunstâncias do destino, que fizeram o mega-enrolado Daniel Dantas ter o mesmo nome do ator, outros indiciados no processo tiveram seus homônimos em outras profissões, inclusive de escritores, ou a pior classe deles: a de cronistas.

A PF entrou na casa do cronista e apreendeu seu HD, onde tinha inícios de crônicas, daquelas feitas durante uma sessão de vinhos argentinos de dez reais.

Inclusive ele tentou protestar contra os agentes, alegando que eles deveriam investigar essa conspiração argentina contra nós, derramando no mercado, vinhos com alguma propriedade alucinógena que, de alguma forma, removia as nossas cataratas e nos fazia enxergar o que realmente estava acontecendo no país. Não ajudou muito a sua situação inicial.

Esses inícios de crônicas (confundidos com indícios telefônicos) só não foram “deletados” porque ele se embebedou tanto que a prioridade era limpar o vômito do teclado, no dia seguinte.

São inícios e, ao mesmo tempo, restos de textos, que ele fez logo após discutir com a sua mulher sobre a importância de uma reunião de Tupperware em casa, em contraponto às iniciativas ambientais mundiais contra o uso de plástico no meio-ambiente.

Com o argumento de sua mulher de que o pau de macarrão dela ainda era de madeira, mostrando toda a sua preocupação com o meio-ambiente, ele acabou cedendo, até porque ela contribuía e muito, para a preservação da fauna, com a criação de novos galos, mesmo que fossem na testa dele. A coisa só se agravou quando ele quis saber se aquela madeira do pau de macarrão era madeira legalizada.

Já na Polícia Federal, o mais engraçado foi o cronista ter que dar o seu depoimento explicando o que ele queria dizer com aquele início de texto em que compara a Madre Teresa com a inflação do país.

Não convenceu muito ele explicar que ambos só ajudaram os pobres quando estiveram por baixo. Pelo menos, um cara do Pelotão de Choque (parecia ser do Pelotão de Choque) não sentiu uma energia positiva na explicação.

Ou aquela em que ele faz um discurso inflamado contra a liberdade de ex-pressão, ou seja, contra o reaproveitamento de torturadores da ditadura, como roteiristas de programas de auditório.

Não foi convincente quando, tentando remendar, disse que as dançarinas do programa são perfeitas para programas.

Hoje em dia é preciso ter cuidado até com o nosso nome, pois sempre vai ter alguém investigado com um nome idêntico, que fará com que acabemos explicando tudo o que fizemos nos últimos anos, inclusive o fato de aumentarmos o consumo de papel higiênico.

A Receita Federal pode provar que o aumento do consumo desse material de limpeza não condiz com a nossa renda declarada.

Sérgio Lisboa.

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