quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CABEÇA NAS NUVENS



(Sérgio Lisboa)
A Rainha Maria Antonieta já tinha ficado eternamente famosa com a frase que demonstrava uma total falta de sintonia com as mazelas de seu povo quando proferiu, ao receber a notícia de que o povo clamava por pão: ”Se não tem pão que comam bolo!”.

Qualquer mortal pode com um pouco de boa vontade fazer alguns cálculos e algumas pesquisas banais pela internet, mais fáceis do que acessar sites pornôs.
Digamos que a governadora e cinco secretários viajassem uma vez por mês para o exterior. Durante o seu mandato seriam quarenta e oito viagens para seis pessoas ao custo unitário de três mil reais (Porto Alegre - Londres custa três mil reais ida e volta), sendo dezoito mil reais multiplicado por quarenta e oito, totalizando hum milhão e quatrocentos mil reais por todo o mandato. Se comprar o seu avião por vinte e oito milhões de dólares, somando-se a manutenção, tripulação, gastos com mordomias, etc. gastará de cara o dinheiro de quarenta mandatos e mais um mandato por ano só de despesas com o avião.

Agora eu entendo porque os técnicos da Fazenda Estadual sempre que perguntados sobre o que acham desta compra, acabam se esquivando e dizendo que estão de saída. Aliás, o ex-Secretário da Fazenda de Yeda deixou esta bomba para o outro e recebeu convite para trabalhar no Banco Mundial, depois que fechou um empréstimo do Estado com este Banco com valores corrigidos em dólar.

Você pode dizer que a Governadora precisa de um corpo de seguranças. Precisa de um bom carro oficial. Precisa de um bom lugar para receber o povo e as autoridades. Precisa comer bem. Ter boas informações. Agora, defender que a Governadora precisa de um avião novo só seria aceitável se estivéssemos na Colômbia, Venezuela, Bolívia, Iraque, Rússia, etc., e assim mesmo se o governo tivesse sido tomado por narcotraficantes ou integrantes da máfia. Estando o funcionalismo ganhando um bom salário, a educação perfeita, a saúde sem problemas, a segurança sob controle e seus policiais ganhando um salário digno, não haveria motivo nenhum para sermos contra a aquisição de um aviãozinho para a governadora.

A crise mundial, os eternos problemas financeiros do Rio Grande do Sul somados aos cortes orçamentários drásticos feitos pela Governadora criam o mais desfavorável cenário possível para a aquisição de um equipamento tão caro quanto supérfluo.

A Governadora alega que foi repreendida pelo Presidente Lula por não ter um avião e que o Rio Grande é um dos únicos estados que não tem avião novo. Primeiro: o Presidente Lula sempre achará um absurdo quem não tiver uma forma de andar nas nuvens como ele. Segundo: o Rio Grande perdeu espaço político e econômico ao longo da história, mas sempre teve ao seu favor o fato de ser diferente pelas atitudes e posturas dignas dos princípios que regem a administração pública.

Estão chamando este avião da Governadora de “Queen Air’ (algo como o avião da Rainha). Eu acho uma verdadeira maldade chamar este avião da Governadora de “Queen Air”, pois é uma maldade com a Rainha da Inglaterra, até mesmo porque eu li que a dona do trono real inglês está com os pés no chão e, apavorada com a crise mundial, está procurando diminuir qualquer gasto que seja supérfluo.