segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

FILA DE BANCO



Alguém aqui já ficou em fila de banco?


Para mim a última coisa do mundo é ir para uma fila de banco.


Eu quero prestar uma homenagem ao responsável pela idéia do caixa eletrônico, pois dá para sacar, depositar, pagar conta, transferir, sem falar que tem a internet, que teoricamente, facilita ainda mais. Essa eu evito, pois apesar de ter linux, sites seguros, etc. sempre tem alguém que acaba sendo limpo, por um gaiato do outro extremo do país.


Eu nunca fico em fila de banco. Eu me sinto um homem liberto. Paguei minha pena quando era office-boy, e minha profissão era ficar numa fila de banco, numa fila de cartório, numa fila de imobiliária, numa fila de emprego (opa!).


Hoje não, as poucas vezes em que é preciso enfrentar esse verdadeiro inferno, é quando um parente distante me pede “um” emprestado e não trabalha com o mesmo banco que eu e daí, além de mandar um dinheiro, ainda sou obrigado a enfrentar uma fila de banco.


Quem costuma ir ao banco já deve ter reparado nas atitudes das pessoas que estão na fila. Esbravejam, xingam, reclamam, ironizam, acusam o governo, passam na frente dos outros, se jogam no chão, perdem a razão.


E como não é possível trocar seu lugar na fila, a não ser que seja para trás, você é obrigado a ouvir o assunto dos dois de trás ou dos dois da frente, ou dos quatro juntos, durante no mínimo, meia hora. Se o assunto fosse criativo e inteligente, a espera não era tão dolorosa, mas normalmente estão falando de doença, das varizes da tia Maria e das crises de caganeira do vô Arlindo, que não é nada ruim se comparada com o assunto mais comum nessas horas: a dança dos famosos do Faustão. Eu odeio fila de banco.


Fala sério. Se eu fosse responsável pelo departamento de psicologia de alguma empresa, nem perdia meu tempo com aquelas infinidades de testes e entrevistas. Pedia para o candidato me fazer um favor e ir ao banco pagar uma conta de luz.


Seguiria o cara e ficava observando qual seria a sua reação na fila do banco. Se ele não fugisse com o meu dinheiro, já passava pela primeira fase do teste. Se ele não perdesse a cabeça na fila, já passava na segunda fase. Agora, se ele saísse de lá com um sorriso no rosto, reprovava ele na hora e mandava internar.


Quando, finalmente chega-se ao caixa, a gente já está tremendo de medo que vá cair o sistema bem naquela hora, que o caixa diga que fechou, que o formulário que levamos não é o correto, que aquele caixa é só para atendimento prioritário, que não trouxemos a vela da primeira comunhão ou qualquer outra coisa.


Apesar destes receios, me encosto no guichê e nem falo nada. Não é falta de educação, não me entendam mal.


Imagina se todo mundo diz um simples bom dia no início e um muito obrigado na volta para o caixa, que leva 05 segundos cada um. Se o mesmo retribuir com uma resposta e multiplicando esse tempo por 56, que é o número de pessoas na fila, já se passou meia hora, só nessas convenções ridículas.


Portanto ninguém deve falar com o caixa, nem um pio.


Sem falar nos surdos que recebem um bom dia e não escutam, e é preciso repetir o cumprimento e daí passamos o dia na fila.


Finalmente o caixa me olhou, como que percebendo que eu não queria assunto, somente fazer meu depósito, rapidamente pegou minha guia e o dinheiro, começou a digitar, eu feliz como uma criança, quando de repente ouço um grito: “Ninguém se mexe, é um assalto”.


Sérgio Lisboa.