sábado, 9 de fevereiro de 2008

CRÔNICAS COM FUNDO MUSICAL



Quase sempre, quando estou escrevendo, aproveito para escutar alguma música no próprio computador.
A música é inspiradora para qualquer atividade (torturadores ouviam música durante suas sessões) e, principalmente para quem escreve.
O meu computador tem uma seleção de quase trezentas músicas, com uma diversidade estonteante. Tem de Beethoven a MC Doca.
Esse ecletismo é uma questão pessoal, de variar os mais diversos sabores musicais, contrapondo várias pessoas que só ouvem jazz, ou só rock, ou só sertanejo, ou só funk (meu Deus do céu!).
Tem gente que diz que tem um gosto musical muito variado, que vai desde Chitãozinho e Xororó a Zezé Di Camargo e Luciano.
Então comecei a reparar que a trilha sonora estava influenciando o rumo das minhas crônicas, e essa mistura muito diversificada do meu selecionador musical, foi criando verdadeiros monstros verborrágicos.
O resultado final foi um verdadeiro desastre, pois acabaram mudando todo o sentido dos pensamentos.
Estou neste momento, entrando em contato com os leitores, para um “recall”, pedindo que eles troquem aqueles textos, que estão com defeitos, por novos, já revisados e com o sentido original.
Eu sei que alguns leitores mais conservadores e que assistem muita televisão, estão relutantes em fazer a troca, uma vez que estão bem satisfeitos com o texto com defeito. Então só peço para deletarem meu nome da autoria.
Os textos que estão sendo chamados para a troca, são “O Governo Que Eu Amo”, cujo título original seria “Suicídio Lento”. Esse defeito de fábrica aconteceu porque eu começava ouvindo Beethoven no início, no meio da crônica já tocava Rebelde e culminando com um Roberto Carlos, no final.
A idéia central passada aos leitores foi:”... que apesar dos erros do governo, compreendi que havia nele a imaturidade política de um adolescente, mas que todas suas ações eram por amor”.
O outro texto que deve ser trocado chama-se “Eu acredito”, e seu título original seria “Preciso de um Pistolão”. Nesse, comecei ouvindo Lenine, seguido por Raul Seixas, mas logo veio Xuxa e as Paquitas (eu mato quem colocou isso na minha seleção), a partir daí nem me lembro mais o que aconteceu.
Era para ser uma abordagem esclarecedora da situação social do país, mas acabou sendo um manifesto em favor da reeleição.

Os outros textos que não foram chamados para troca, não sofreram essas influências malignas musicais e se parecerem um tanto estranhos, não se preocupem: é porque eles são ruins mesmo.
Sérgio Lisboa.

MAC GYVER



Tem vezes que tenho vontade de ser o Mac Gyver.


Lembram dele. Aquele personagem da série de televisão, que resolvia tudo com habilidade e conhecimento científico. Com um fio de cabelo e uma caixa de fósforos, ele explodia uma ponte. Ele mesmo. O Mac Gyver.


Já pensou no que ele não faria com um alicate e um vidro de perfume? Invadia o Iraque (pensando bem, isso já foi feito, mas sem perfume).


Certa vez, com um vidro de pimenta e uma caixa de pregos ele fez uma metralhadora.


A melhor foi aquela em que ele, com um cubo de gelo e um grampeador, fez um ultra-leve. Teve problemas para voar, no início, é verdade, mas depois foi que parecia uma pluma, pelo menos até derreter o cubo de gelo.


Aqui no Brasil também temos os nossos Mac Gyvers. Tem, por exemplo, o cara que consegue só com o ensino fundamental, ser presidente. O que consegue de dentro da cadeia, comandar melhor a empresa criminosa do que se estivesse do lado de fora (acho que esse não é Mac Gyver e sim, o Houdini). Tem o cara que tem isenção de impostos desde a idade média, e publica indignado a lista dos sonegadores. O cara que com uma simples eleição, multiplica por um milhão o seu patrimônio.


Alguns que com apenas uma caneta, acaba com as esperanças de milhões.


Eu gostaria de ser o Mac Gyver, para, mesmo estando amarrado ou algemado, mudar o destino de alguém, só com um sorriso.


Eu gostaria de ser o Mac Gyver, para poder dizer que com uma linha, dá para fazer muita coisa: costurar uma amizade ou ligar para alguém para dizer que a ama.


Vou parar por aqui que isso já está parecendo bichice.


A série de televisão citada se chamava “Profissão Perigo”. Já era uma antevisão do que passariam os brasileiros, convivendo entre a bandidagem fora da lei e a bandidagem dentro da lei.



O Mac Gyver verdadeiro, na época do auge de seu sucesso, esteve no Brasil para a filmagem de mais um episódio da série.


Acostumado a resolver grandes problemas com o mínimo de recursos, ele foi convidado para passar um mês com o salário-mínimo do brasileiro, o que prontamente recusou, dizendo:” and your ass, don’t go anything”? Traduzindo : “Faço coisas impossíveis e que parecem fantasia, mas isso já é forçar a barra”.


Sérgio Lisboa