domingo, 6 de abril de 2008

PREPARAÇÃO FÍSICA

Estava assistindo a uma matéria em que o famoso BOPE, a tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro, já retratada em um filme de muito sucesso, contratou um preparador físico, muito competente, por sinal, para dar-lhes preparo físico e trabalhar as articulações e os desgastes físicos que os mesmos enfrentam no seu dia a dia, prevenindo assim, futuras lesões que hoje contribuem para a baixa de um número considerável de policiais.

O trabalho desse profissional consiste em focar seus exercícios nas situações práticas que os policiais enfrentam no seu dia a dia, levando em conta, inclusive, o tipo de terreno e local onde estarão atuando.

Como o Rio de Janeiro, infelizmente, vive uma verdadeira guerra civil, com baixas dos dois lados, dizem, que o número de estiramentos provenientes de escorregões ao pisar nas vísceras dos mortos é muito grande e, inclusive, há um exercício específico para evitar essa lesão, considerada a maior causadora de afastamento dos soldados.

O dedo indicador é outro elemento anatômico que sofre muito o desgaste do constante uso, em função de ter que apertar o gatilho dos fuzis.

Esse trabalho, muito importante para a manutenção da saúde dos profissionais, logo será levado para outras profissões, que até então nem sequer pensavam na hipótese de terem junto de si, um preparador físico, principalmente se for levado em conta o custo que a perda temporária de um bom profissional acarreta.

A classe política já está abrindo um processo de licitação para a contratação de preparadores físicos (por enquanto estão sendo nomeados de forma emergencial, com um leve super-faturamento salarial), dada a necessidade que esse grupo tem de prevenções musculares específicas.

As partes musculares mais afetadas nos políticos, que gerou a necessidade destes profissionais são as mais variadas.

O dedo indicador, que é muito usado balançando lateralmente para negar com veemência qualquer deslize.

Além do dedo indicador, mais os dedos polegar e médio, que em conjunto, esfregando-se mutuamente, dão o sinal de que querem dinheiro.

Os músculos faciais também merecem uma atenção especial, uma vez que são forçados permanentemente a manter um eterno sorriso, mesmo quando a casa está caindo.

O pulso e a palma da mão sofrem muito também, pois são muito usados para dar tapinha nas costas dos eleitores e para aplaudir as outras autoridades.

Sem dúvida nenhuma, um músculo que merece uma atenção muito especial do treinador é a língua. A língua que é responsável pela maior parte do sucesso de um político. A língua é que faz ele arrancar o teu voto e é debaixo dela que ele esconde o salgadinho que você ofereceu (ele só come caviar) em sua casa, além de ser muito utilizada como garantia de emprego das estagiárias.

A maior dificuldade que o preparador físico terá de se preocupar com a questão da preparação física do político, é com o uso da linguagem técnica utilizada, sendo terminantemente proibida a expressão “trabalhar a musculatura”, uma vez que, trabalhar é um termo proibido entre eles.

Sérgio Lisboa.

TEMPO DE VIDA



Tem uma piada em que um médico diz para um paciente terminal, que ele tem só três meses de vida, e o paciente, ao dizer que pretendia pagar o tratamento com seis cheques mensais, o médico sai com essa:
- Tá bom! Seis meses de vida, então!

O ser humano nasce e já começa a sua luta até o fim de seus dias contra as várias doenças que o mundo disponibiliza. Até mesmo lá no útero, já está em contato com doenças ou problemas que porventura tenham surgido na concepção ou adquiridas da mãe.
Nascemos e vamos nos deteriorando aos poucos, desde o primeiro dia de vida.

Um pessimista dirá que não temos a vida inteira pela frente, e sim, a morte inteira nos esperando lá na frente. Então a nossa vida, por mais saudável que a levemos, marcará um encontro no futuro, com uma doença e, inevitavelmente, com um médico.

Sempre me chamou a atenção os casos em que os médicos decretam, proferem um “veredicto”, determinando um prazo máximo de vida aos seus pacientes. Eu sei que eles trabalham em cima da complexidade das doenças, de sua experiência, baseados em seu conhecimento acadêmico e científico e a mais forte das leis que é a lei das probabilidades.

Eu soube de uma história em que um médico disse a uma mulher que, com toda a certeza, não tinha mais do que seis meses de vida. Ela aceitou resignada e, a partir daí, mudou completamente sua rotina, passando a viver cada dia como se fosse o último, aproveitando cada minuto de seus últimos seis meses nessa vida.

Fez tudo o que sempre teve vontade, sorriu mais, brincou mais, viajou mais, se reconciliou e mudou radicalmente sua vida para melhor.

Nós estamos sempre sob a mira de pessoas que querem dar rumos às nossas vidas, com suas especialidades religiosas, políticas, científicas, técnicas, experimentais, sentimentais, etc., redescobrindo a roda a cada pneu furado.

Desde seu último encontro com o médico em que ouvira a pior coisa que alguém pode ouvir, o vaticínio de sua morte, quando ele havia lhe dito aquilo que todos, lá no fundo, mais tememos, que não viveria mais do que seis meses, ela respondeu que já se passava doze anos daquele encontro fatídico com seu médico. Doze anos! Onze anos e meio vivendo como se fosse morrer a qualquer momento.

Indagada se ela nunca havia pensado em processar o tal médico, ela olhou com o sorriso mais puro que já fora testemunhado e respondeu:
- Processar? Eu queria muito é agradecer a ele. Ele positivamente, transformou a minha vida.

Sérgio Lisboa.