quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

DESENGANAR É PRECISO



(Sérgio Lisboa)
Alguém já disse um dia que não existem nem o Brasil nem os estados e sim apenas os municípios. O País trabalha para todos os estados (um pouco mais para o Nordeste é verdade) e o Estado trabalha para todos os municípios ao mesmo tempo (às vezes parece que não trabalha para nenhum) e alguns municípios ficam esperando que o país e o Estado trabalhem para eles.

Os moradores de um município querem que seus prefeitos sejam os salvadores da pátria, o que por si só já causa um problema de jurisdição. Quando muito seriam os salvadores da cidade.
Fazendo uma análise bem simplista e simplória dos anseios de uma cidade, um prefeito que fosse um verdadeiro iluminado e tivesse recursos e parcerias, conseguiria no máximo asfaltar toda a cidade (causando problemas de vazão de água para os dias de chuva e corridas de carro em dias de sol), uma boa iluminação, esgoto encanado para a população, umas pracinhas, boas escolas e uma opção cultural.
Não teria como conseguir emprego para todos, saúde com a qualidade esperada e necessária, segurança adequada, pois isto tudo depende de verbas federais, estaduais e de um contexto político-social muito mais abrangente que passa inclusive pela ordem financeira mundial.

O que o povo mais clama é por saúde, educação, segurança e emprego, basicamente.
O caso da saúde, embora existam postos municipais, os mesmos só atendem ao básico e por serem pagos e contratados pelo município, sempre serão insuficientes para a demanda, pois os recursos humanos e materiais são proporcionais aos recursos das prefeituras.
A educação municipal, responsável pelo ensino fundamental é bastante razoável e falta pouco para ser muito boa.
A segurança é uma atribuição do estado e não é adequada nem no âmbito estadual quanto no federal e até mesmo a segurança privada acaba falhando.
O emprego não tem como ser gerado num passe de mágica, mesmo atraindo várias empresas, pois hoje em dia é necessária muita qualificação e na maioria das vezes essas vagas são preenchidas por pessoas de fora da cidade.
Não esqueçamos que se uma cidade tivesse a sorte de estar bem servida em saúde, educação e qualidade de vida acabaria invariavelmente invadida por pedintes, assaltantes e excluídos da educação e saúde de outros municípios, comprometendo as suas melhorias.

Pior do que tirar a esperança de alguém é enganá-lo com falsas esperanças.
O debate fica mais rico e a humanidade avança muito mais quando ela sabe de antemão o que não poderá ter. O tempo é muito precioso e é necessário que avancemos mais rapidamente para recuperar séculos de espera por salvadores e falsos profetas.
Como já foi dito há muito tempo: “posso não saber exatamente o que quero, mas sei muito bem o que eu não quero”.
Apenas conseguindo o mínimo possível é que estaremos aptos e habilitados para tentar o impossível.
Portanto, rumemos ao sonho impossível exigindo imediatamente o mínimo possível.