sábado, 12 de abril de 2008

FORMIGAS CORRUPTAS



Uma nova pesquisa sugere que as formigas são traiçoeiras, egoístas e corruptas, contrariando a imagem de insetos de convivência harmoniosa e com pré-disposição para colocar o bem da comunidade acima de preocupações pessoais.
Cientistas descobriram que determinadas formigas conseguem burlar o sistema, garantindo que seus filhotes se tornem rainhas reprodutivas ao invés de operárias estéreis.
A descoberta dos cientistas prova que, embora colônias de insetos sociais freqüentemente sejam citadas como prova de que sociedades possam ser baseadas em igualdade e cooperação, elas não são tão utópicas quanto parece.
Até as formigas! Aqueles insetos minúsculos que todos nós apontávamos como os mais dedicados, os mais organizados, o exemplo do mais sagrado, do mais intocável, do mais divino procedimento que, apesar de tudo e de todos, estavam sempre ali para nos ensinar o que é um sacerdócio, uma abnegação (faz tempo que quero usar esse termo e não tenho chance!).

Aqueles seres que pareciam ser os mais puros representantes de Deus na terra, a coisa mais perfeita do universo, com ou sem explosões cósmicas, ela, a formiga, que sempre foi nosso exemplo.

O que eu vou dizer agora para os políticos corruptos, para as distorções da sociedade, para os apadrinhamentos, para as maracutaias, para todos aqueles que faziam tudo aquilo que nós execrávamos, dizendo que era antinatural, que era uma característica só do ser humano, que estávamos abaixo dos insetos.

A formiga tinha que estragar tudo. Que decepção, Dona Formiga!
Andando por aí como quem não quer nada, levando aquelas folhas sobre a cabeça, construindo formigueiros no nosso quintal (certamente super-faturado), levando nas costas os nossos doces, deixando a todos com um sentimento de compaixão daqueles pobres e indefesos seres, e ainda por cima nos dando umas picadas de vez em quando.

É preciso fazer uma retratação histórica para com a cigarra. Ficava do lado de fora daquele ninho de corrupção, cantando, certamente hinos vanguardistas, e lançando manifestos contra a corrupção (principalmente as espécies de cigarras mais raras como “Jaguaris” e “Ziraldis”), acabando abandonada à própria sorte durante todo o inverno, num exílio político na Sibéria.

Se eu fosse a cigarra, entrava com um pedido de indenização ao governo federal, por todos os maus-tratos sofridos, desde o descobrimento do Brasil até agora.

Bom, pelo menos agora podemos dizer, sem medo, que todo piquenique tem formiga, assim como todo banquete tem corrupção.
Sérgio Lisboa.