sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

BRIGAR COM O ASTRO DA ESCOLA



(Sérgio Lisboa)

Quantas vezes em nossas vidas já fomos confrontados e acabamos nos desentendendo com pessoas idolatradas em nosso meio - seja na escola, no trabalho ou no convívio social, por serem ricas, bonitas, atraentes, maniqueístas, empáticas, bajuladoras, corrompedoras, concentradoras, ditadoras, falsas sofredoras, dissimuladas, etc. Estas coisas acontecem com quem ousa discutir aquela “liderança” ou até mesmo pelo simples fato de não reverenciar aquele ser celestial o tempo todo.
Nestas horas parece que o mundo cai sobre as nossas cabeças. Todos olham com aquele olhar de quem se penaliza com a nossa condição de peça defeituosa na engrenagem do sistema perfeito ao mesmo tempo em que suspiram e passam a mudar este olhar para o de quem quer dizer que seria melhor para todos que você sumisse do mapa. Você procura olhando para todos os outros uma solidariedade para a sua postura que julga corajosa, heróica e necessária para retirar a catarata que não os deixa ver o quanto estão sendo manipulados, mas todos baixam ou desviam o olhar evitando conversar qualquer coisa que não seja a idéia de demovê-lo de sua posição.

A guerra na Faixa de Gaza é o exemplo mais clássico e em proporções gigantescas que evidenciam estas posturas. De um lado os ricos, os limpinhos, os dos retratos nas revistas, os mocinhos que vivem perseguidos, os que querem e sabem conversar civilizadamente e do outro lado os pobres, os sujos, os sem-rostos, os traiçoeiros e os que não tornam possível um diálogo amigável.
Esta guerra traz consigo uma disputa milenar e ainda envolve a religião com a marca do fanatismo, o que praticamente afasta todas as pessoas que de alguma forma poderiam intervir, pois é pouco compreensível e aceitável para quem não respira aquele ar e não vive aquela história.

Todos os comentaristas especializados, subjugados ou não, lamentam a inércia e a conivência estarrecedora da ONU, embora não seja inércia ou simples conivência e sim uma posição bem clara que é a de consentir calando. A ONU tem uma opinião bem sedimentada e reiterada através dos anos que é a de ser favorável ao astro da escola em desfavor do pobre menino que está estudando com bolsa-auxílio ou entrou na universidade através das cotas.

Não estou dizendo que o bom menino no episódio de Gaza não tem razão e que o menino sujo é que está certo. Apenas quero dizer que o bom menino sempre terá a razão e só estamos esperando que o mau menino crie juízo e deixe a engrenagem do sistema perfeito funcionar.