domingo, 27 de janeiro de 2008

FILMES DE ARTE

Sempre se disse que gosto não se discute. Eu acho que essa regra foi criada para proteger os que gostam de sorvete de amendoim, de usar camisa amarela, de andar de carro verde-limão (ou carro amarelo e camisa verde-limão), de comer strogonof, de assistir Domingão do Faustão, de beber vinho suave, de leite com nata, de arroz queimado ou até quem sabe de reeleger presidente. Mas e filmes, dá para discutir?

Eu estou falando isso porque ás vezes a gente fica até constrangido com algumas pessoas que ainda não conhece, quando o assunto é o filme preferido. Todo mundo fica de olho, como que esperando o depoimento de um nazista no tribunal de Nurenberg, aguardando a nossa opinião, cada um com um taco de beisebol na mão.O segredo é começar dizendo: “já vi muitos filmes bons e é difícil dizer agora”. Neste momento os inquisidores, geralmente, baixam os tacos, relaxam um pouco e começam a dar o seu veredito, digo a sua opinião.

Uma lista dos filmes mais chatos do século, em que a maior parte do tempo ficam dois atores, cada um em uma poltrona, divagando sobre um assunto que mistura o pós-moderno com retrovisor, classificados como filmes de arte (por favor Jabour, é só uma crônica, não leva a sério).

É claro que já tivemos excelentes filmes ao longo da história do cinema como, Cidadão Kane e Casablanca, só para ficar nos mais antigos, mas daí a rotular as pessoas pelo tipo de filme que ela assiste, é outra coisa. Se alguém ali confessasse ser fã de Steven Segal e Van Damme, meu deus do céu! Não tem como medir as conseqüências da tragédia.

Para mim, filme de arte é um documentário sobre a obra de Van Gogh.

Mas voltando à Inquisição, um deles se virou para mim, convencido de que eu já estava abduzido pelas idéias dominantes e pronto para reproduzí-las, indagou-me: já viste o filme “O Filho da Noiva (o belo filme argentino de Campanella)?” Foi quando, apesar de ter me preparado física e psicologicamente para enfrentar qualquer tortura, mesmo as mais inimagináveis, dos instrumentos de tortura mais bizzarros, dos ETs mais distantes da galáxia, vacilei por um instante e sem pensar respondi :Ainda não! Por acaso não é a continuação de “A noiva do Chucky?”
Sérgio Lisboa

2 comentários:

CRÔNICAS DO SÉRGIO disse...

Querido, adorei. Confesso que ainda não li todas, pois fiquei anciosa para te mandar a resposta. Parabéns e todo o sucesso do mundo pra ti. Tu escreve com um humor refinado, como é a tua personalidade. Beijos. Vou voltar para o blog para terminar de ler.

Rose

Cristiane disse...

"Chefe" Sérgio, devorei todas de uma só vez, confesso que adorei, principalmente a dos sonhos, meus parabéns,suas crônicas são muito boas. Abração e sucesso, aguardo a oportunidade de poder ler o seu livro. Cristiane Becker