sábado, 21 de junho de 2008

AMOR MAIOR QUE O TEMPO

Giancarlo e Marlúcia namoraram quando ela tinha dezesseis e ele dezoito anos.

Foi um namoro rápido, porém intenso.

Ela estava noiva de outro rapaz, mas se apaixonou por ele.

Por essas circunstâncias da vida, eles se separaram.

E nunca mais se encontraram.

Vinte e poucos anos depois, o destino os colocou frente a frente.

Estavam lá, Giancarlo e Marlúcia.

Ela separada e com dois filhos.

Ele casado e com três filhos.

Ela, surpreendentemente, confessou a ele que nunca o havia esquecido, que casara e se descasara, que tentou e desistiu, mas que nunca, nem por um instante, deixara de pensar nele e que nada deu certo em sua vida, pois tudo o que sempre quis foi ficar com ele.

Ele depois dela, casou com a primeira que apareceu e ficou até hoje.

Vinte e poucos anos depois.

Ele, que também nunca a tinha esquecido, estava num misto de alegria, surpresa e preocupação. É, preocupação.

Hoje ele estava casado. Era um homem comprometido.

O passado bateu à sua porta e o pegou de pijama e chinelos. Barba por fazer.

Ela começou a lembrar cada detalhe, cada instante, cada momento que passaram juntos, numa máquina do tempo maravilhosa, mas perigosamente estonteante.

Lembrou daqueles amassos na parede da escola, daquele perfume diferente que ele usava, que nunca mais tinha saído, da primeira blusa que ela esteve com ele.

Lembrou de cada intimidade, fazendo com que ele revivesse cada momento de sua juventude com aquela namorada que fora a mais inesquecível que ele tivera.

E agora? Pensou ele.

Foi um amor de juventude que nunca esquecera e que se materializava em sua frente, muitos anos depois, mas tão linda como sempre foi.

Ele também, não mudara muito.

Parece que ambos se guardaram como que parando o tempo para se reencontrarem.

Ela, livre e desimpedida, confessando seu eterno amor ali, diante dele e ele casado, comprometido e atordoado com aquela situação que os sarcásticos deuses do amor lhe aprontaram.

Ele então foi para casa naquele dia, vivendo aquela história mágica e ao mesmo tempo atordoado, quando a sua esposa lhe pergunta o que é que ele tem. Ele tomando uma coragem que nunca teve até então lhe diz: - Querida, estou sofrendo com um dilema!

Ela então, não deixando que ele continuasse, fuzila: - Dilema? Dilema é coisa de frouxo. Por isso é que eu tenho que decidir as coisas por aqui!

-Compra a máquina de lavar e esquece essa história de sair para pescar com os amigos!

Sérgio Lisboa.

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