Todos vocês já devem ter reparado ou ter a sensação de que o tempo, hoje em dia, voa.
Um dos motivos é a falta de sincronia entre os relógios e a rotação da terra, alterada através de ajustes, negados veementemente pelos cientistas, em que acelerou os dias, em um ou dois segundos e isso explica, agora, o porquê de, uma vez por dia, a gente cair sentado (é por conta da aceleração e não pelos escândalos do governo).
A vida moderna que levamos hoje é, também, a grande responsável.
Com os recursos tecnológicos disponíveis, com a instantaneidade das comunicações e das informações, faz com que, paradoxalmente, ao invés de termos mais tempo para relaxar e vê-lo passar, precisamos usar todo o tempo para nos informar mais, trabalhar mais, comunicar mais, cobrar e ser cobrado mais rapidamente, sem falar que, com o mundo sendo oferecido a nós, em nossa casa, cada segundo parado, dá-nos a sensação de que estamos sendo passados para trás ou que estamos perdendo alguma coisa.
Hoje levantamos mais cedo, deitamos mais tarde e parece que estamos sempre, perdendo tempo.
A semana passa tão rápido, que a gente chega no “happy hour” de sexta-feira, ainda palitando o dente da semana passada.
Passa o ano novo e já estamos procurando presentes para o próximo natal.
Se demoramos muito para contar uma piada nova, os caras dizem que nós já contamos ela mês passado.
Hoje, até a definição de viciado ou dependente, que, segundo alguns, é quem se utiliza de substância entorpecente, pelo menos uma vez por semana, tem que ser revista, por que, uma vez por semana, dá a impressão de ser todos os dias.
Num desses encontros de final de semana, estávamos numa rodinha de chopp, e junto conosco, um cara, cujo apelido era “mendigo”. Tinha esse apelido, pelo aspecto, pelas mesmas roupas que usava, em qualquer ocasião, seja para um casamento ou para consertar o freio do caminhão e, segundo dizem, tinha uma certa aversão a duchas, chuveiros e afins.
“Temos que poupar a água do planeta”, dizia ele, num discurso ecologicamente correto, de causar adesão.
Só que uma vez ele exagerou no hiato de tempo entre um banho e outro, de tal forma que, já estávamos às vésperas do natal e ele tinha preso ao cabelo endurecido, (acreditem!) uns confetes de carnaval.
Olha o tempo que o homem ficou sem banho!
Indagado sobre essa situação constrangedora e, como o assunto era a velocidade do tempo, ele não teve dúvidas e lascou: ”Isso não é relaxamento, meus amigos, é só a velocidade do tempo”.
Sérgio Lisboa.
domingo, 9 de março de 2008
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