Os caras pararam com um veículo importado, que custa cinco vezes mais do que o meu, puxaram um fio que fica na bateria, pela parte da frente, logo abaixo do limpador de pára-brisas, com um arame fino pescaram o tal fio, cortaram o mesmo e acabaram, em segundos com todo o sistema de alarme que eu possuía, deixando o carro, completamente sem voz e sem luz, a mercê de qualquer chave para abri-lo e adentrá-lo.
Fizeram toda essa operação, com uma logística cara, com o tal do carro importado, que sendo roubado, ou não, influi nos custos do processo.
Tudo isso, não foi executado para levar o veículo para o buraco negro do comércio de veículos roubados, mas para simplesmente abrir meu porta-malas e retirar o meu estepe, que fica atrás do veículo, o que de fato consumaram seu intento ( basta escrever uma crônica sobre roubo que a gente acaba usando terminologias policiais).
A gente fica assustado, indignado e tudo que é “ado” possíveis, mas acaba pensando que os caras merecem. Tirei o chapéu.
Toda essa técnica, rapidez, logística, para levar uma simples roda com pneu. Uma só, não foram os quatro pneus e rodas. Se fosse numa loja comprar uma só roda e um pneu, novos, numa super-oferta, pois é um carro popular, gastaria, no máximo, duzentos e cinquenta reais. No mercado paralelo, talvez eu gaste a metade (cento e vinte e cinco). E eles devem vender pela metade, ainda do preço do paralelo (sessenta reais).
Mercado paralelo? Sou capaz de encontrar lá, o meu próprio pneu e roda e ainda pagar por eles.
Chegamos num momento em que compramos as coisas que eram nossas, nos mercados paralelos, pela metade do preço de mercado, e ainda comemoramos a pechincha.
A ironia do destino é que eu tinha no porta-malas, junto com o estepe, justamente naquele dia, uma compra que incluía camarão, bacalhau, queijos e vinhos, comprados com o cartão de crédito, que valiam bem mais do que o estepe (talvez cinco vezes o que eles iriam lucrar).
Mas eles são profissionais e não desviam sua atenção para outros itens que não fazem parte de seu catálogo.
O que eu posso dizer é que me senti honrado com o extremo profissionalismo dos ladrões, com sua técnica apurada, com sua objetividade, sua pró-atividade, para um item, que individualmente rende tão pouco.
Se precisarem de mim para intervir por vocês, num momento de greve por uma melhor reposição salarial, ou até mesmo para uma equiparação, com certos concorrentes da política, que não tem técnica nenhuma, apenas dão com as duas mãos, contem comigo.
Ah! Obrigado por não terem revirado as minhas sacolas de compras.
Sérgio Lisboa.
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