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sábado, 26 de janeiro de 2008

ARROZ, FEIJÃO E TV A CABO

Todo mundo sempre fala que devemos ter prioridades, no nosso trabalho, nos nossos estudos, na nossa vida pessoal – prioridade é a palavra de ordem.
Mas o que é realmente prioritário? O que é prioritário para mim pode não ser prioritário para o outro. O que foi prioritário para a Madre Teresa pode não ter sido prioritário para o político (é só um exemplo, sem nenhuma conotação).
Para mim o que é prioritário na minha vida pessoal, mas especificamente na minha vida doméstica é: arroz, feijão e TV a cabo. Isso mesmo: arroz, feijão e TV a cabo. O arroz e o feijão são bastante óbvios nos motivos de sua importância, uma vez que são alimentos básicos, baratos e completos. Já a TV a cabo se tornou uma prioridade vital para mim, pois não consigo mais me imaginar vivendo sem ela, com a programação disponível na TV aberta, principalmente nos finais de semana.
Essa mistura de prioridades de algo tão acessível como o arroz e o feijão (será que é tão acessível?) com algo mais elitista como a TV a cabo, é porque minha saúde mental é tão importante quanto minha alimentação e para conseguir pagar eu troco a TV a cabo pela carne, pelo cinema, pelo biscoito, pelo refrigerante, etc.

Depois que conheci a TV a cabo, me sinto como Keanu Reeves, em Matrix, cuja vida real está em outra dimensão e não o que a maioria assiste pensando que é a vida real (alguns até conseguem furar o bloqueio da Matrix, com ligações clandestinas, como que tentando uma revolução contra os Smiths).

Na segunda-feira, quando chegamos ao serviço, o assunto é sempre a reportagem do Fantástico, o último capítulo da novela e a desclassificação daquele casal na dança dos artistas. Eu me sentia como um ET, sem ter como comentar os assuntos abordados, pois não assisti nada daquilo.
Surgiu então, uma idéia infalível para não parecer um ET na segunda-feira, se alguém te fizer essa pergunta: - você viu o Fantástico ontem? Você olha com uma cara de superioridade e diz: - Que dúvida! Ainda mais ontem que o Fantástico estava muito mais fantástico.
Sérgio Lisboa