quarta-feira, 2 de abril de 2008

O NÚMERO DA BESTA

Todo mundo está careca de ouvir que a numerologia tem um efeito prático real nos nossos destinos.

Muita gente, para alterar suas personalidades, no sentido de se transformar em outras pessoas, geralmente melhores, descobriram que, assim como existe a lipoaspiração, que transforma barrigudos em tanquinhos, a simples mudança de algumas letras de seus nomes, passa a mudar a sua postura e o seu destino radicalmente.

O somatório das letras do meu nome totaliza quatro. As pessoas regidas por esse número são definidas com honestas, leais e perseverantes. Meu Deus do céu! Com essas características o mundo vai me comer vivo. O que eu quero é ser cruel, volúvel e ganhar na primeira. Preciso mudar minha numerologia urgentemente.

Vou procurar outro número. Quem sabe o número um? Independente, pioneiro e criativo. Tem a ver: não me apego a ninguém, consigo alguma virgem e vario de posições como ninguém. Não é tão mau.

Número dois: muito amoroso e compreensivo. Socorro! Número dois nem morto.

Número três: muito romântico e sedutor. Muito romântico? Estou fora. Eu quero é me dar bem!

Número cinco: aventureiro nato. Não é ruim, mas vou acabar pendurado em algum penhasco.

Número seis: carinhoso, compreensivo, meigo. Querem me derrubar!

A maior parte desses números definem verdadeiros anjos. Eu quero o número da besta! Vou prestar mais atenção nos números dos políticos (a maioria deve ter “666” escondido no couro cabeludo).

Número sete: frio, calculista e com personalidade. É isso! Não pode ser melhor.

Para transformar meu nome que soma quatro em sete, basta suprimir o “i”, enfiar um “J” no lugar do “G” e um “C” no lugar do “S” ou, ao invés de me chamar Sérgio seria “Cérjo”, ou mudo radicalmente e passo a me chamar Aderbal.

Minha última namorada, Célia Regina, fazendo as contas da numerologia de seu nome, somava o número dois, que era muito amorosa e compreensiva. Achei que tinha ganho na loto.
Ganhei foi uma raspadinha vencida. Não dava certo, de jeito nenhum e não sabia o porquê. Tempos depois que eu fui descobrir que a Célia, não era Célia com “C” e sim com “S”. Não me lembro que número deu mas era dominadora, cruel e com tendências homicidas.
O analfabetismo do pai dela e do escrivão quase causaram uma tragédia em minha vida. Célia com “S”. Veja se eu posso!

Vou lhes deixar um conselho: mesmo colocando tudo a perder no primeiro encontro, ao conhecerem uma outra pessoa, exijam a carteira de identidade e uma certidão negativa dos cartórios de registros, atestando que não houve nenhuma alteração no seu nome.
A propósito: fujam de Célias com “S”.
Sérgio Lisboa.