Faz um bom tempo que eu observo que, para chamar a atenção do leitor para um texto, seja uma grande ou pequena publicação, de um escritor conceituado ou não, faz uma grande diferença, um título original e chamativo para o texto.
Isso de um modo geral, pois se o texto é bom, a fama dele se espalha e mesmo que o título fosse “Tampax”, faria sucesso igual.
Num primeiro momento, em qualquer lugar em que for publicado, seja num grande jornal ou no mural do escritório, o título é muito importante.
Os leitores passam os olhos pelo jornal ou pela internet, bocejando, até que se deparam com alguma coisa que atrai sua atenção, que faz com que ele pare de bocejar, esfregue bem os olhos, fixe bem o olhar, solte um sorriso e pense consigo: um título diferente.
O título diferente é tudo de bom. Só o título já vale o texto. A gente pensa: o que será que vem, a seguir, com um cara que inventa um título desses. Se o título é bem bolado assim, imagina o texto. Todo mundo pensa assim.
Eu não quero dizer com isso que as pessoas passem, agora, a só se preocupar com um título com efeitos especiais e não se preocupem mais com a qualidade de seu texto ou, fiquem frustradas após escrever um texto maravilhoso, porque o número de leituras foi muito baixo.
Parece até que eu estou vendo, uma onda de suicídios em massa, textos maravilhosos queimados, porque o título não foi chamativo.
Vamos com calma!
Quem tem qualidade no que escreve e leva fé no seu taco, não está lá muito preocupado com o nome que vai dar ao título, que pode até ser mais rebuscado, para dar um maior impacto (até porque a obra literária inclui também o título) ou ser bem mais simples que a profundidade do texto, para dar um maior contraste e torná-lo ainda mais especial.
Tem escritores, e me incluo entre eles, que tem uma relação mais íntima e importante com aquele texto e seu título e não abre mão deste último, mesmo que o rumo do texto enverede para outros lados.
Existem outras formas literárias, em que o título é parte integrante do texto, daí não incluí-los, neste debate.
O certo é que se um texto é bom ele pode se chamar apenas “O Mar” e ser uma coisa maravilhosa, profunda, vasta, com ondas gigantescas de inspiração.
Também, pode se chamar “A Arte Fragmentada” e ser um texto ruim, abordando a história de quando Joãozinho quebrou um vaso antigo de sua mãe.
Meus textos, a partir de agora, serão todos com muito impacto, e se eu escrever, por exemplo, sobre um simples andar de bicicleta, o título será “As Pernas Num Vai-E-Vem”. O que vocês acham?
Garante a leitura, não?
Se for escrever sobre tomar um simples copo de água, o título será “O Prazer Fácil”. Fala sério! Faz o cara largar um Machado de Assis, na hora.
Se fosse escrever sobre a reforma política, o título poderia ser “Faxina no Bordel”. Já pensaram?
Didática e pedagogicamente, ganharia um prêmio.
O grande problema é que tem gente que acha que a política é ainda mais lasciva do que um bordel.
Algumas coisas precisam de mais tempo para serem digeridas.
Enfim (graças a Deus), o título ainda não é tudo.
Sérgio Lisboa.
segunda-feira, 10 de março de 2008
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Um comentário:
Me apaixonei pelo teu texto!
Evidente que o li pelo título, mas foi o texto que prendeu minha atenção.
Estou encantada. Parabéns!
Pois você escreve de maneira simples mas que chega ao fundo das emoções.
Bjs
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