(Sérgio Lisboa)
Eu admiro as pessoas que são despreocupadas com seus bens materiais. Parece incrível, mas ainda tem gente assim. O caso do automóvel, por exemplo: a maioria das pessoas deixa seus carros em qualquer vaga, a qualquer hora, confiando apenas nos alarmes dos carros e, muitas vezes eles não tem alarme, tranca ou seguro.
O meu carro tem tudo isto. Tem alarme, corta- corrente, tranca de direção, chave com decodificador e seguro contra roubo. Falta só GPS. Mesmo assim não o deixo nunca, sob hipótese alguma estacionado na rua. O meu, ou fica na garagem de casa ou em um estacionamento pago.
Um ladrão em uma entrevista (como têm ladrões dando entrevista!) disse que o carro mais difícil (não o impossível!) de ser furtado é o que é guardado em uma garagem paga. Eu nunca esqueci isso. Já aconteceu de eu ir a uma cafeteria tomar apenas um cafezinho de um real e gastar cinco reais num estacionamento pago.
O problema são os horários de atendimento desses estacionamentos. Aqui na minha cidade a maioria dos estacionamentos fecha às dezenove horas. Quem trabalha o dia todo e quer ir a uma academia, a uma loja, ao cabeleireiro ou qualquer local que não tenha estacionamento próprio e tem receio de deixar o carro na rua, no escuro, ou vai a pé, de táxi ou não vai. Um dia perguntei para um dos atendentes desses estacionamentos que fecham no início da noite o motivo deste procedimento e a resposta foi no mínimo hilária: “Nós temos medo de assaltos”.
Certa vez eu fui a um jantar em um edifício de amigos que não tinha garagem e os veículos tinham que ficar do lado de fora, num dos bairros de maior incidência de furto e roubo de veículos. O edifício ficava a três quarteirões da minha casa e era muito perigoso voltar a pé, tarde da noite. O resultado final foi que eu chamei um táxi para me levar e buscar por três quadras.
Sem falar que em cada centímetro quadrado da via pública tem um flanelinha ou guardador de carros. O flanelinha é classificado em três tipos distintos: o que lhe cobra para não furtar ou arranhar; o que lhe cobra mas não impede que furtem e o que lhe cobra e ainda assim lhe furta o carro.
Muita gente me pergunta por que me preocupo tanto se o meu carro é segurado contra roubo?
Primeiro: O trauma de ser lesado.
Segundo: O desconforto e a impotência de ter que voltar para casa com a mulher, os filhos e nove pacotes de compras, a pé.
Terceiro: O fato de ter que ir a uma delegacia, tarde da noite e ser atendido com todo aquele carinho, sendo olhado com cara de desprezo por ser um descuidado, mais um otário, que está ali enchendo o saco com mais uma ocorrência.
Quarto: A hipótese de estarem usando o carro justamente naquele momento em um assalto, em um atropelamento ou passando por vários controladores de velocidade colecionando muitas multas.
Quinto: Pode acontecer de ser recuperado mais torto e amassado do que um chapéu velho e a seguradora dar uma ajeitadinha e devolver assim.
Sexto: O dia em que levarem o carro pode ser justamente o dia em que estava no porta-malas uma série de coisas importantes e insubstituíveis ou até mesmo aquele vídeo seu e da sua mulher, gravado naquele motel com as cenas mais quentes que vocês já fizeram e estar sendo assistido por sabe-se lá qual maníaco psicótico com fixação em masturbação ou pior, estar sendo reproduzido pela internet.
Quanto pepino você pode ter pela frente porque quis poupar três reais de um estacionamento.
Eu preciso confessar para vocês que tem apenas um momento em que abro uma exceção e estaciono na rua: é quando vou visitar a minha mãe. Afinal de contas mãe é mãe! Ali sempre foi um lugar mágico, imaculado, imune a qualquer ataque das forças do mal. Ali eu não tenho medo de ter meu carro furtado. O pior é que ali foi o único lugar em que levaram o meu carro. Dá um desconto para mim, por favor! Isso aconteceu apenas duas vezes.
Eu admiro as pessoas que são despreocupadas com seus bens materiais. Parece incrível, mas ainda tem gente assim. O caso do automóvel, por exemplo: a maioria das pessoas deixa seus carros em qualquer vaga, a qualquer hora, confiando apenas nos alarmes dos carros e, muitas vezes eles não tem alarme, tranca ou seguro.
O meu carro tem tudo isto. Tem alarme, corta- corrente, tranca de direção, chave com decodificador e seguro contra roubo. Falta só GPS. Mesmo assim não o deixo nunca, sob hipótese alguma estacionado na rua. O meu, ou fica na garagem de casa ou em um estacionamento pago.
Um ladrão em uma entrevista (como têm ladrões dando entrevista!) disse que o carro mais difícil (não o impossível!) de ser furtado é o que é guardado em uma garagem paga. Eu nunca esqueci isso. Já aconteceu de eu ir a uma cafeteria tomar apenas um cafezinho de um real e gastar cinco reais num estacionamento pago.
O problema são os horários de atendimento desses estacionamentos. Aqui na minha cidade a maioria dos estacionamentos fecha às dezenove horas. Quem trabalha o dia todo e quer ir a uma academia, a uma loja, ao cabeleireiro ou qualquer local que não tenha estacionamento próprio e tem receio de deixar o carro na rua, no escuro, ou vai a pé, de táxi ou não vai. Um dia perguntei para um dos atendentes desses estacionamentos que fecham no início da noite o motivo deste procedimento e a resposta foi no mínimo hilária: “Nós temos medo de assaltos”.
Certa vez eu fui a um jantar em um edifício de amigos que não tinha garagem e os veículos tinham que ficar do lado de fora, num dos bairros de maior incidência de furto e roubo de veículos. O edifício ficava a três quarteirões da minha casa e era muito perigoso voltar a pé, tarde da noite. O resultado final foi que eu chamei um táxi para me levar e buscar por três quadras.
Sem falar que em cada centímetro quadrado da via pública tem um flanelinha ou guardador de carros. O flanelinha é classificado em três tipos distintos: o que lhe cobra para não furtar ou arranhar; o que lhe cobra mas não impede que furtem e o que lhe cobra e ainda assim lhe furta o carro.
Muita gente me pergunta por que me preocupo tanto se o meu carro é segurado contra roubo?
Primeiro: O trauma de ser lesado.
Segundo: O desconforto e a impotência de ter que voltar para casa com a mulher, os filhos e nove pacotes de compras, a pé.
Terceiro: O fato de ter que ir a uma delegacia, tarde da noite e ser atendido com todo aquele carinho, sendo olhado com cara de desprezo por ser um descuidado, mais um otário, que está ali enchendo o saco com mais uma ocorrência.
Quarto: A hipótese de estarem usando o carro justamente naquele momento em um assalto, em um atropelamento ou passando por vários controladores de velocidade colecionando muitas multas.
Quinto: Pode acontecer de ser recuperado mais torto e amassado do que um chapéu velho e a seguradora dar uma ajeitadinha e devolver assim.
Sexto: O dia em que levarem o carro pode ser justamente o dia em que estava no porta-malas uma série de coisas importantes e insubstituíveis ou até mesmo aquele vídeo seu e da sua mulher, gravado naquele motel com as cenas mais quentes que vocês já fizeram e estar sendo assistido por sabe-se lá qual maníaco psicótico com fixação em masturbação ou pior, estar sendo reproduzido pela internet.
Quanto pepino você pode ter pela frente porque quis poupar três reais de um estacionamento.
Eu preciso confessar para vocês que tem apenas um momento em que abro uma exceção e estaciono na rua: é quando vou visitar a minha mãe. Afinal de contas mãe é mãe! Ali sempre foi um lugar mágico, imaculado, imune a qualquer ataque das forças do mal. Ali eu não tenho medo de ter meu carro furtado. O pior é que ali foi o único lugar em que levaram o meu carro. Dá um desconto para mim, por favor! Isso aconteceu apenas duas vezes.
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