De todas as invenções do mundo, desde os primórdios, antes mesmo da invenção da roda, ou seja, desde a invenção do eixo da roda, a minha mulher é eternamente agradecida a uma só invenção e a um só inventor: Grahan Bell.
Ele mesmo! O homem que inventou a máquina de gastar sem sair de casa. O homem que inventou a máquina de brigar com a família a quilômetros de distância. O homem que inventou a invasão diária das tele-marketing. O homem que inventou o seqüestro-relâmpago praticado por um homem preso e acorrentado num presídio de segurança máxima. O homem que inventou um localizador de marido no happy-hour. O homem que inventou algo para facilitar a comunicação entre as pessoas que estão longe e complicar a comunicação para os que estão perto. O homem que inventou o telefone.
O telefone. O velho conhecido telefone.
Eu sei que hoje tem o MSN, o Orkut, o e-mail e tudo o mais que também aproximam os de fora e afastam os de dentro. Mas o velho telefone continua ainda como o grande vilão dos distanciamentos dentro das nossas casas. Seja fixo ou móvel.
Sim porque o problema não está na tecnologia do aparelho ou na forma como ele permite a movimentação, pois se tratando de telefonemas dentro de casa pode ser até o fixo sem fio.
Lá em casa é tão certo quanto notícia ruim do governo: quando saio e todos estão na porta sorrindo e abanando para mim, como um comercial de margarina da família feliz, e eu, quinze segundos depois de ter saído resolvo ligar para casa, adivinhem? O telefone está ocupado!
Essa semana o recorde foi superado e ficou em nove segundos. Eu tenho certeza que eles podem dar mais de si, no que diz respeito à velocidade do uso desse aparelho tão importante, mas que foi transformado em uma máquina de trocar banalidades.
Um amigo meu contou que esses dias pediu para a filha dele que falasse com quem quisesse, o tempo que quisesse, mas pelo amor de Deus, não usasse o telefone para trocar receita de bolo.
Foi quando ela interrompeu a sua ligação, se virou para ele, tapou com a mão a parte de baixo do telefone, virou os dois olhos para o teto e demonstrando uma impaciência digna de uma “funkeira”, fuzilou-o com uma AR-15:
- Pai, não estou trocando receita de bolo. Não sou mais criança. O assunto aqui é sério. Estou ajudando a Lurdinha, que está desorientada, a como fazer um aborto!
Sérgio Lisboa.
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