A coisa mais procurada, perseguida e definida como o grande presente que queremos da vida se chama “felicidade”.
Todos querem ser feliz. Todos procuram a felicidade.
Mas, afinal, o que é a felicidade?
A felicidade do fabricante de cigarros é um número cada vez maior de viciados dispostos a morrer em nome do lucro da empresa.
A felicidade do agente funerário é um aumento no número de óbitos, seja por causas naturais ou não.
A felicidade do político é com a desinformação do eleitor e seu conseqüente nível cultural aprisionado a um assistencialismo aviltado.
A felicidade do catador é um lixo cada vez mais robusto e variado para ele se deliciar com os restos dos outros.
A felicidade do jovem é uma lanchonete globalizada e um beijo roubado, sem saber que se não tiver sorte, nunca mais fugirá de nada globalizado nem de coisas roubadas.
A felicidade da criança é um brinquedo que a loira do programa infantil disse ser vital para suas vidas e que o avô, deixando de tomar um de seus remédios, também vital para sua vida, poderá adquirir o brinquedo para ela.
A felicidade do comum é um programa de auditório, seja o milenar “Silvio Santos” ou o “ridículamente moderno, “Pânico”, cujo título, quero crer, foi criado com um último sopro de lucidez, legando para a posteridade o verdadeiro sentimento que viria tomar conta de todos os que assistem a essa maravilha.
A felicidade do presidiário é uma comida quente, por um só dia, pelo menos, e poder dormir com os dois olhos fechados, nem que seja por uma noite.
A felicidade do faminto é um prato com um bocado de comida, sorrindo para ele e só para ele, sem larvas.
A felicidade para o infeliz é ver mais gente não conseguindo mais ser feliz e ver cada vez mais gente sofrendo e chorando.
O governo pagou uma pesquisa para saber como o povo brasileiro se sentia com relação à felicidade.
O resultado foi que 75,5% dos brasileiros se consideravam felizes.
O interessante é que somente 28,0 % dos entrevistados acham que o povo brasileiro é feliz.
Para entender melhor, a maioria se considera feliz, mas acha que os outros não são felizes.
Quando a gente se sente feliz, mas acha que os outros não são felizes, só tem uma explicação: ou os outros não têm inteligência emocional ou não conseguiram ainda uma boquinha no governo.
Sérgio Lisboa.
Um comentário:
Sérgio,
A realidade é que os "outros" somos nós mesmos vistos da ótica alheia. Os Ufologistas que me perdoem mas "ETs" não existem: A minha felicidade depende da infelicidade de alguém ou de alguns e quanto menor nosso universo, mais cedo e mais vezes conviveremos com altos e baixos, alternando freneticamente entre a sanidade e a loucura, entre o céu e a terra. Portanto, devemos estender nossos horizontes para fugirmos da insignificância do certo ou errado.
Boa Noite,
Emerson Soares Bomfim
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